O QUE ACONTECE QUANDO OUVIMOS UM SOM

Lucas Côrtes
4 min readJun 27, 2021

Muitas vezes andamos por aí e nem percebemos a quantidade de coisas que nos circundam.

Essas coisas todas estão se movendo constantemente com os efeitos da difusão calórica no tempo e até mesmo numa escala maior, andando de um lado pro outro.

Todas essas frequências estão atravessando cada um de nós em vários sentidos; quando vemos algo, pisamos no chão ou ouvimos os argumentos de um passarinho.

Algumas frequências estão além da alçada da nossa percepção, e, mesmo dentro do que percebemos, não conseguimos prestar atenção conscientemente em tudo ao mesmo tempo.

Embora seja muito bom só conseguirmos prestar atenção real a uma coisas de cada vez, o nosso corpo vive e interage com todas as frequências incessantemente.

Quer seja o som ambiente natural de um supermercado, quer sejam as vozes incompreensivelmente misturadas de todos os clientes vindo de todas as direções e reflexos e distâncias, ou até aquela música que a gente gosta tanto que começou a tocar exatamente na hora que colocamos um pé lá.

Tudo isso é processado pelo nosso corpo, mente e memória bem rápido, quase mais rápido que a velocidade em que as coisas acontecem, e tudo isso tem um efeito particular e especial e de uma forma única em cada um de nós, dependendo do corpo, da mente e das memórias.

Hoje já existem formas de usar frequências sonoras de baixa vibração para apagar chamas. Existem os apitos que imitam sons de pássaros ou que são em velocidades de onda limitadas para apenas os seres vivos privilegiados com tal capacidade auditiva, como é o caso daquele apito que só cachorro consegue escutar. Em tudo que existe, tudo tem um efeito peculiar, seguindo as interferências do contato entre um e outro, e com a gente não podia ser diferente.

Às vezes um barulho chama a nossa atenção porque reagimos instintivamente ao que nos circunda, principalmente por meio de sobrevivência. Até quando estamos dormindo isso está acontecendo, e pode influenciar até o mundo dos sonhos. O nível da interferência é ilimitado e incalculável. Dentro do que conseguimos entender já começamos a compreender bastante coisa, por exemplo que o som que ouvimos é o próprio movimento do ar.

Com isso já podemos ter uma visualização auditiva do formato do objeto que causou o som e até mesmo o material do qual ele é composto. É como se cada onda sonora contivesse informações da mesma forma que um código genético, e dentro do nosso entendimento já conseguimos ler os elementos que compõem o vidro do copo que fez barulho que quebrou lá na cozinha se a gente souber um pouco de química.

É incrível até como lembramos do som quando pensamos sobre ele, mas não é como se estivéssemos ouvindo de novo, como é o caso de uma memória visual em que temos uma imagem mental a respeito, é muito mais sobre um aspecto geral do sentimento que aquele som causou em nós na experiência que tivemos com ele no nosso contato mais memorável.

Com o que não temos memória acessível também existem relações que parecem ter sido pré-programadas desde o código que gerou a física que usamos aqui. É o que acontece quando um predador ruge sobre a sua presa, paralisando-a fisicamente, diretamente em seus impulsos elétricos que movem os músculos, mais forte do que segurando com as próprias mãos. E também é o que acontece quando fazemos as compras escutando uma linda canção que nos traz boas memórias.

A harmonia que soa agradável é, em sua maior parte, um fator cultural, mas mesmo em sons que consideramos feios, ou inarmônicos, os nossos mecanismos de interferência estão agindo sem esse filtro estético, o que faz com que o efeito do som seja superior ao próprio intelecto da pessoa, enviando impulsos para o seu sistema nervoso de modo incancelável, como é impossível esquecer uma melodia que ouvimos cerca de 74.289.257.928 de vezes.

Dessa forma podemos orientar nossa vida para um controle maior de como nos influenciamos positivamente através da manutenção dos sons que nos circundam. Colocar aquela música ou até mesmo só abrir a janela e ouvir o som da natureza já faz um bom efeito até no nosso astral. Através do som diretamente conseguimos nos influenciar e também influenciar os outros e o mundo, indiretamente.

O nosso corpo tem componentes, que, na prática, transformam o movimento do ar em memórias, sentimentos, emoções; em vida. Quando ouvimos aquelas palavras, tudo mudou. Quem nunca viveu algo assim?

As palavras adicionam uma nova dimensão ao som, mas mesmo assim ainda estão submetidas ao próprio invólucro sonoro das mesmas, como quando falamos doces versos a um animal com voz áspera e intenção voltada para uma coerência com o som emitido; o animal entende diretamente o formato do som e interpreta tudo somente com essa informação. Um ser humano consegue se confundir e acaba por levar como uma brincadeira meio esquisita mas tá tudo bem.

O que acontece mesmo, no final das contas, é que tudo que sobe tem que descer, como já diziam, e tudo que entra é o que uma hora pode sair, e assim o que ouvimos é expressado por nós de alguma forma; principalmente com o que escutamos voluntariamente, como num discurso efusivo sobre um ideal, mas até mesmo com os sons que são colocados voluntariamente ao nosso redor.

É importante analisar como estamos processando essa matéria prima sonora e de que forma podemos melhorar o que produzimos com ela, para utilizar todos esses sons de forma que funcionem como uma corda amarrada justamente aonde queremos chegar e com a outra ponta nas nossas mãos.

Assim cultivamos e vivemos melhores momentos simplesmente pela manipulação dos impulsos mecânicos do vento.

--

--